O Facebook tem se tornado um grande palco social. Nele as
pessoas fazem de tudo para expor a sua felicidade e as suas conquistas. São
fotos de férias, casas, carros, participação em eventos sociais, finais de
semana, roupa nova, visual novo e etc. Até mesmo a quantidade de curtidas e de
comentários na postagem indica quem tem mais êxito na vida e na rede social.
Cá estava eu! Numa boa! Quando resolvi verificar de quem era
a fonte de uma imagem que relatava missionários feridos em algum país onde há
grande perseguição contra a Igreja e eis que vejo um perfil que retratava
perfeitamente o estereótipo do cristão evangélico da atualidade.
Lá estava uma foto de um homem de terno e gravata, ao fundo
da foto: fogo. Muito fogo! E na foto de capa um belíssimo carro. Ainda mais: na
primeira postagem que se podia ver dessa pessoa lia-se: Coloque seu pedido de
oração estou indo orar.
Não cabe julgar a pessoa somente por estas coisas e esse não
é o objetivo aqui, até porque parece ser um irmão piedoso pelo fato de
compartilhar algo sobre a igreja perseguida, mas os elementos desse perfil nos
permitem fazer uma leitura do padrão de evangélico que tem sido aceitado como
“vitorioso”, digamos assim, na atualidade.
Em primeiro lugar a foto do homem engravatado com fogo (Muito
fogo!) por trás de si nos sugere um líder pentecostal, de fato o é, pois abaixo
vemos o local do seu trabalho: Igreja Evangélica Assembléia de Deus. Um líder
pentecostal como os outros, com seu grande esforço para demonstrar poder,
unção, glória, santidade, etc. Veja bem, um cidadão evangélico que faz uma
montagem de sua imagem rodeado de fogo (Muito fogo!) só quer demonstrar uma
coisa: eu tenho poder sobrenatural. “Creia em mim, eu opero milagres, eu sou
profeta, etc.”.
Podemos compará-lo com aquele que, segundo Jesus, foi muito
mais que um profeta? (Mt. 11:19) João Batista não fazia esforço algum para ser
reconhecido como tal, pelo contrário, seu padrão de vida, suas vestes, sua
alimentação, quebrava totalmente o estereótipo de profeta esperado pelo povo. O
povo queria alguém que se levantasse contra os romanos, que lhes profetizasse
conforme os seus desejos e deleites. Mas João Batista pregava contra o pecado e
conclamava o povo ao arrependimento, atraia aqueles que abriam o seu coração
com uma promessa. Sucesso, vitória, dinheiro, reconhecimento? Não mesmo. A
promessa era o Reino de Deus (que não é comida nem bebida).
Em segundo lugar a foto do carro revela a necessidade de
demonstrar a prosperidade, a vitória, o sucesso. Costumamos ver garotões boçais
de classes altas se exibirem com suas motos, lanchas, jet-skis, iates, lanchas,
garotas (pasmemos!) e carros, mas de um líder espiritual não se espera isso, de
um líder espiritual se espera coisas espirituais. É fato que deve ser alegria
para qualquer pessoa conquistar um carro ou uma casa, o povo brasileiro tem
experimentado isso, aos trancos e barrancos, mas tem experimentado. Porém, ser
vitorioso é bem mais que isso. Ser
vitorioso não é simplesmente se sentir realizado na vida, mas é fazer Deus se
sentir realizado com a nossa vida. Muitas vezes, na verdade na maioria das
vezes, o que queremos não está condizente com a vontade de Deus, o que nos
realiza não está condizente com a vontade de Deus e por vezes tornamos Deus um
mero ajudador de nossas realizações, Ele, porém, não está nada realizado com
isso. Ser vitorioso é fazer da nossa vontade nula e soberana a vontade de Deus.
“Convém que eu diminua e ele cresça.” JOÃO 3:30.